Olá amigos do blog! De vez em quando eu faço uma pausa nas fotos e coloco um causo que, por um desses acasos da vida, eu encontro por aí. Esse causo achei interessante e decidi postar aqui para compartilhar com vocês.
A ANTA E A SUCURI
De
Casildo Ribeiro dos Santos.
Extraído
do Jornal do Campo de “O Popular”, Dedo de Prosa. 23 a 29/09/2011
No
distrito de Santo Antônio da Esperança, em Goiás, havia uma fazenda de
propriedade do Seu Cherinho. Evidentemente esse não era o nome verdadeiro dele,
mas, por estas bandas, a maioria das pessoas, não sei por qual razão, se faz
conhecida pelo apelido e não pelo nome de batismo.
Aquela
era uma época em que ainda havia muitos animais silvestres e peixes em
abundância, vivendo felizes e se reproduzindo à vontade. E, num belo dia do mês
de maio de mil novecentos e antigamente, lá pelas 5 horas da manhã, Seu
Cherinho, após se levantar para mais um dia de labuta (que incluía ordenha
manual de vacas) e ter tomado umas duas xícaras generosas de café, começou a
escutar um barulho bem estranho lá pelas bandas da barra do córrego com o rio.
Encafifado
e surpreso com o barulho logo cedo, ele decidiu ver o que seria aquela fuzarca.
A distância devia ser coisa de uns 300 metros , adentrando no trieiro que as vacas
construíram ao descer até o riacho para saciar a sede.
Quanto
mais ele descia, mais o barulho parecia coisa de outro mundo, daqueles que
ainda não se tinha ouvido falar e, muito menos, presenciado até o momento.
O homem
era calejado, com seus 60 anos nas costas e, em todo esse tempo, já havia visto
e ouvido muitas coisas, inclusive histórias de assombração, nego d’água, mula
sem cabeça e outras.
Escondendo-se
atrás das árvores, chegou a poucos metros do lugar de origem do barulho. Daquele
ponto avistou uma sucuri enorme, que havia mordido o traseiro de uma anta
também das grandes.
A briga
estava armada.
A sucuri,
como é do conhecimento de todos, é feita de músculos, usados para esmagar suas
presas. O barulho e o amassadouro de urtigas, capins e pequenos paus provocava
uma cena de tirar o chapéu, causando medo e estupefação.
A anda
corria para frente até esticar a sucuri, fazendo com que essa afinasse o corpo
para, depois, voltar à grossura normal, como se fosse uma borracha de estilingue.
Por fim,
Seu Cherinho, depois de ficar uns minutos apreciando a briga, não agüentou mais
e deu um grito para espantar os dois bichos:
- Ô, trem
fei! Para cuísso sô!
A anta é
um animal forte e, com o grito, se assustou mais ainda, colocando toda a força
no intuito de escapar. Tanto fez que a sucuri
arrebentou ao meio, sem largar os dentes da bunda ou o rabo do pau, como
era de se esperar.
A quem
perguntasse, Seu Cherinho garantia que, até alguns meses depois do acontecido
podia, se ficasse de tocaia por aqueles cantos de brejo e do riacho, ver a tal
anta com o pedaço de sucuri pregado na bunda. Para quem duvidava, ele jurava,
de pé junto, que a história era verdade verdadeira.
FIM
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