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segunda-feira, 17 de outubro de 2011

A ANTA E A SUCURI


Olá amigos do blog! De vez em quando eu faço uma pausa nas fotos e coloco um causo que, por um desses acasos da vida, eu encontro por aí. Esse causo achei interessante e decidi postar aqui para compartilhar com vocês. 

A ANTA E A SUCURI
De Casildo Ribeiro dos Santos.
Extraído do Jornal do Campo de “O Popular”, Dedo de Prosa. 23 a 29/09/2011


No distrito de Santo Antônio da Esperança, em Goiás, havia uma fazenda de propriedade do Seu Cherinho. Evidentemente esse não era o nome verdadeiro dele, mas, por estas bandas, a maioria das pessoas, não sei por qual razão, se faz conhecida pelo apelido e não pelo nome de batismo.

Aquela era uma época em que ainda havia muitos animais silvestres e peixes em abundância, vivendo felizes e se reproduzindo à vontade. E, num belo dia do mês de maio de mil novecentos e antigamente, lá pelas 5 horas da manhã, Seu Cherinho, após se levantar para mais um dia de labuta (que incluía ordenha manual de vacas) e ter tomado umas duas xícaras generosas de café, começou a escutar um barulho bem estranho lá pelas bandas da barra do córrego com o rio.

Encafifado e surpreso com o barulho logo cedo, ele decidiu ver o que seria aquela fuzarca. A distância devia ser coisa de uns 300 metros, adentrando no trieiro que as vacas construíram ao descer até o riacho para saciar a sede.

Quanto mais ele descia, mais o barulho parecia coisa de outro mundo, daqueles que ainda não se tinha ouvido falar e, muito menos, presenciado até o momento.

O homem era calejado, com seus 60 anos nas costas e, em todo esse tempo, já havia visto e ouvido muitas coisas, inclusive histórias de assombração, nego d’água, mula sem cabeça e outras.

Escondendo-se atrás das árvores, chegou a poucos metros do lugar de origem do barulho. Daquele ponto avistou uma sucuri enorme, que havia mordido o traseiro de uma anta também das grandes.

A briga estava armada.

A sucuri, como é do conhecimento de todos, é feita de músculos, usados para esmagar suas presas. O barulho e o amassadouro de urtigas, capins e pequenos paus provocava uma cena de tirar o chapéu, causando medo e estupefação.

A anda corria para frente até esticar a sucuri, fazendo com que essa afinasse o corpo para, depois, voltar à grossura normal, como se fosse uma borracha de estilingue.

Por fim, Seu Cherinho, depois de ficar uns minutos apreciando a briga, não agüentou mais e deu um grito para espantar os dois bichos:

- Ô, trem fei! Para cuísso sô!

A anta é um animal forte e, com o grito, se assustou mais ainda, colocando toda a força no intuito de escapar. Tanto fez que a sucuri  arrebentou ao meio, sem largar os dentes da bunda ou o rabo do pau, como era de se esperar.

A quem perguntasse, Seu Cherinho garantia que, até alguns meses depois do acontecido podia, se ficasse de tocaia por aqueles cantos de brejo e do riacho, ver a tal anta com o pedaço de sucuri pregado na bunda. Para quem duvidava, ele jurava, de pé junto, que a história era verdade verdadeira.
FIM

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