E o jaó veio ao pio....

A tarde estava quente (quase 40º), já estavamos quase indo embora, quando os jaós começaram a piar. A orla da mata estava muito bonita naquela ocasião. A secura das folhas no chão não deixava-nos caminhar sem que denunciasse a nossa presença. Resolvi parar ali mesmo - na boca da mata - e começar a piar Jaó.
Piei algumas vezes e logo ouve resposta. Me animei e, molhando os lábios, caprichei outro piado. Não gosto de usar desses pios que vendem para chamar pássaros. Só em última instância. Estou fazendo planos para, nas próximas caminhadas no mato, levar um tocador de CD pequeno para essa finalidade.
Outra resposta do jaó se deu mais perto. Aquele nosso diálogo foi, de certa forma, muito gostoso, pois quando a ave responde ao pio que o homem arremeda, coloca ele em sintonia com a natureza. Aquilo deixa a gente muito empolgado.
De repente.... o pio cessou. Sinal de que a qualquer momento eu ouviria seus passinhos.
A máquina estava com uma objetiva comum, panorâmica, filme 35 mm, Canon. Eu sabia que para fotografar uma ave pequena como o Jaó, com aquela objetiva, mormente se for ainda jovem, seria um trabalho muito difícil localizá-lo na foto devido ao mimetismo dele. Sua coloração cinza, mescla perfeitamente com o meio ambiente.
- Crek, creck.. e EI-LO que surge a menos de 3 metros da minha pessoa. Como eu estava camuflado, ele não me percebeu. Foi-se achegando como uma visita, e parou em cima de uma pedra buscando encontrar o "outro jaó". Não o encontrando, começou a limpar as penas e depois desceu da pedra sondando o ambiente. E eu clicando a máquina. Por fim, resolvi me mostrar e me levantei bulindo nas folhas e galhos secos laterais. Ele me viu e foi se retirando devagar.... de vez em quando olhava para trás.

E assim me despedi daquele jaó: "Vai com Deus criaturinha inocente! Que o Pai do céu te abençoe!"